quarta-feira, 21 de novembro de 2007

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu Também não Falo Gringo

Olá! Dessa vez apareci pra indicar o mais recente trabalho de um grande discotecário pernambucano, que em breve participará do Hi- Fi Podcast. Falo do Dj 440, que desde 1997 desenvolve uma incessante pesquisa de ritmos e raridades, conversando e trocando informações com outros djs, músicos ou simplesmente amantes da música. Tudo isso para agregar e enriquecer seus trabalhos em apresentações ao vivo ou em seus mixtapes de forma conceitual. Fundamentalmente centra o seu trabalho em sonoridades brasileiras do passado, presente e futuro, passeando pelo Samba-Rock, Drum´n Bossa e Mangue Beat ou flertando com Ragga/Dance Hall, Funky e o Hip-Hop. O DJ 440 batizou essa “viagem” musical de “SAMBALOGIC”, traduzindo seu estilo.

Além de DJ, também desenvolve permanente pesquisa sobre a música brasileira, destacando a análise discográfica dos ritmos da segunda parte do século XX até os dias de hj. Atualmente o DJ-440 se encontra em fase de divulgação nacional de seus mixtapes, distribuídos pela internet em seu website, entre outros canais de distribuição.


Em seu novo mixtape promocional "Eu não falo gringo",
o DJ 440 resolveu utilizar toda malemolência que os grandes sambas, na história da música brasileira, ganharam em vistas à terras estrangeiras. São sucessos interpretados por "gringos" que acharam no samba uma sonoridade de identificação ao jeito brasileiro mais típico que eles gostariam de ter. Nesse mixtape fica claro que não só o brasileiro, mas que também os estrangeiros gostariam de ter o samba como verdadeiro ministério da música brasileira.

*Esse mixtape é uma homenagem à memória do Sambista João Nogueira.


Playlist: CONJUNTO SAMBABOM - Do You Like Samba? / PIERRE VASSILIU - Qui C'est Celui La / MARITAR - non ti credo / ASTRUD GILBERTO - Crickets Sing For Anamaria / JEAN CONSTANTIN - Pas Tant De D'chichi Ponpon / MARCEL ZANIN - Tu Veux Ou Yu Veux Pas

Para ouvir e fazer o download deste trabalho, visitem o site do DJ 440.


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Acho que Dessa Bagunça os Professores Gostaram!


Aquele clima "wave" já dominava os ouvidos dos jovens da classe média no Brasil dos anos 60. Quatro anos antes do golpe militar, o país vivia as agitações de um ano de corrida presidencial. Jânio Quadros foi eleito com a campanha da "Vassourinha" prometia varrer a corrupção do país, e João Goulart (Jango) eleito como Vice Presidente da República Federativa do Brasil. Mal sabia o povo brasileiro o que lhe aguardava anos mais a frente! Da proibição do uso de biquínis nas praias, a condecoração do ministro da indústria de Cuba, Ernesto "Che" Guevara, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, da adoção de política econômica ditada pelo FMI, que restringiu o crédito e congelou os salários causando descontentamentos com as camadas populares e empresários, até mesmo uma carta escrita ao Congresso, afirmando que a existência pressões de "forças terríveis" fariam o país perdesse seu recém- presidente. O vice passaria a ser o próprio homem do executivo. O Brasil de verde e amarelo, passou a ficar vermelho e com disso o ganhou o olhar atento da àguia norte-americana. Daí pra frente vocês devem lembrar o que aconteceu! Apertaram o couro da cuíca, rapaziada! Bem... Enquanto havia tempo para amor, sorriso e flor o então garotão, Ronaldo Boscolli, realizou o evento considerado como o primeiro Festival de Bossa Nova, com renomados artistas brasileiros, uns deles em uma fase muito precoce da sua carreira acompanhados por Roberto Menescal (guitarra), Luiz Carlos Vinhas (piano), Luiz Paulo (baixo), Helcio Milito (bateria) e Bebeto (saxofone). É um disco maravilhoso, porém a qualidade de som na digitalização não está perfeita (por isso amo os discos de vinil), mas se vocês tomarem a partir de uma perspectiva histórica, cada segundo deste evento vale a audição.

Lp A Noite do Amor, do Sorriso e da Flor

Para conheçer ou relembrar...

Ouça na Vitrola

As músicas do Lp:

01. Apresentação - Ronaldo Boscoli & Sylvia Telles
02. Sambop - Sylvia Telles
03. Fuga - Sylvia Telles
04. Chora Sua Tristeza - Sylvia Telles
05. Apresentacao Johnny Alf - Ronaldo Boscoli
06 - Rapaz de Bem - Johnny Alf
07 - Ceu e Mar - Johnny Alf
08 - Apresentacao Norma Bengel - Ronaldo Boscoli
09 - Nao Faz Assim - Norma Bengel
10 - Dona Baratinha - Trio Irakitan
11 - Ideias Erradas - Trio Irakitan
12 - Menina Feia - Trio Irakitan
13 - Se Acaso Voce Chegasse - Elza Soares
14 - Zelão - Sérgio Ricardo
15 - Oceano e o Mar - Sérgio Ricardo
16 - Menina Feia - Os Cariocas
17 - Esquece - Os Cariocas
18 - Samba de Uma Nota Só - João Gilberto
19 - O Pato - João Gilberto
20 - Pode Esquecer - Astrud Gilberto & João Gilberto
21 - Brigas Nunca Mais - Astrud Gilberto & Joao Gilberto
22 - Encerramento - Ronaldo Boscoli
23 - Insensatez - João Gilberto

sábado, 13 de outubro de 2007

Patota de Cosme

E chega com tudo a nossa mais nova compilação exclusiva! Patota de Cosme segue a receita do primeiro trabalho (Segura a Nêga) em que eu fiz uma seleção musical e convidei um discotecário para fazer um mix das músicas. Desta vez o nosso convidado é o DJ Samuca que deu vida a idéia de capa que eu tive. Um trabalho feito com muito carinho dedicado a infância e aos meus protetores Santos Cosme e Damião. O clima desta compilação é lúdica e ligada ao sincretismo que gira em torno da história e do culto aos santos gêmeos neste país. Nesta edição vocês encontrarão do Maracatu ao Samba Jazz, do Jongo ao Pertido Alto. Música instrumental, de "novos" talentos da música brasileira reunidos aos grandes mestres já consagrados por sua arte.

Hi-Fi Podcast é um trabalho de divulgação e valorização da música brasileira e não tem fins comerciais. Tudo é disponibilizado de forma que todos possam ter acesso, sem entraves!

Portanto, espero que ao fazerem o download desta compilação, vocês compartilhem da mesma visão que eu. Permitam que mais e mais pessoas tenham acesso a música brasileira de qualidade.

As Músicas que vocês encontram nesta compilação:

01. Corôa do Mar (Maracatu Estrela Brilhante de Igarassú)
02. Menino Travesso (Edison Machado)
03. Espírito Infantil (A Cor do Som)
04. Menino das Laranjas (Mariana Aydar)
05. Deixa o Menino Brincar (Jorge Ben)
06. Doze Anos (Pedro Miranda)
07. Com a Perna no Mundo (Teresa Cristina e Grupo Semente)
08. Pequenininho (Xangô da Mangueira)
09. Zézinho (Ed Lincoln/ Orlandivo/ Nillo Sérgio)
10. Todo Menino é um rei (Roberto Ribeiro)
11. Dia de Ibejada (Jackson do Pandeiro)
12. Moleque (Gonzaguinha)
13. Na Galha do Cajueiro (Wilson Simonal)
14. Teco Teco (Gal Costa)
15. Tatuzinho (Alessandra Leão)
16. Alto da Conceição (Maracatu Estrela Brilhante de Igarassú)
17. Mamãe Foi Pro Jongo; Papai Subiu O Morro De São José; Maria Sunga A Saia; Eu Tenho Pena (Jongo da Serrinha)
18. Patota de Cosme (Zeca Pagodinho)

Para conheçer ou relembrar... Ouça sempre na Vitrola

Compilação (Hi-Fi Podcast Patota de Cosme)


Versão Mixada pelo DJ Samuca

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Um dia estas serão doces lembranças.



E como é lindo esse novo clipe do China.
Amor, filhos, amigos, música, praia.
Canção que não morre no ar.

Olhos Felizes!

E quem disse que eu aguento? Todo ano é a mesma coisa desde que resolveram por mim que já era tempo de ser adulta! Chega setembro, entra o mês de outubro e sempre a mesma sensação agradável. Esse é o tempo de brincadeiras além da conta, o tempo de ouvir gargalhadas e ver olhos felizes. Felizes aqueles mesmos olhos que geralmente são tristes ao ter que descer o morro (favela) direto pro sinal de trânsito pra vender doce ou brincar de artista de circo. Engraxar sapatos, carregar compras de gente fina, ajudar a mãe a carregar a trouxa de roupas pra casa da patroa. Ter que cuidar dos irmãos menores como se fora brincar de casinha, deixar de fazer a comidinha de brincadeira pra fazer o feijão com arroz do dia- a - dia (isso quando tem feijão e arroz pra comer). Pescar sururú, ajudar os pais na mina de carvão ou na roça. Aprender desde cedo a cuidar de si como se fosse gente grande. Bola de meia, bola de gude, pipa, boneca, pular amarelinha, quebrar vidraça já nem fazem parte de sua rotina. Ir à escola, já não cabe mais pois o dia passa tão rápido que logo desgastados pelo sol, pelo suor, pela fome, perigo, cansados do não cheio de desconfiança que sai de dentro dos carros blindados, ou mesmo das armas que já não disparam mais tiros de festim. Porém mesmo diante de todos esses fatos é fácil perceber o encanto que toma os pequenos quando se aproxima o dia deles. E não importa se são ricos ou pobres, o vinte e sete de setembro talvez seja um dos poucos dias em que estas crianças sentem o real sabor de assim ser. Este que pra mim é o verdadeiro dia das crianças não traz consigo o apelo de propaganda, hoje indissociável do dia 12. Confesso não saber o motivo pelo qual o dia 12 de outubro foi eleito no Brasil como o Dia das Crianças, mas acredito que este não é deveria ser o verdadeiro dia. Faço esta afirmação por que não há a mesma magia, o mesmo encanto que existe no dia dos santos Cosme e Damião (Cultuados pela igreja católica e pelos cultos Afro-Brasileiros). O que existe é uma corrida desenfreada às lojas em busca daquela boneca, daquela roupa ou daquele vídeo game super - hiper - ultra - moderno que apareceu na televisão. Já sabemos, tudo isso alimenta na criança que vive em uma família mais abastada o bichinho do consumismo, e na que tem menos o desejo do "intangível". Não é preciso fazer muitos esforços para perceber as diferenças entre o dia 12 e o dia das crianças. Nele ocorre a distribuição de doces e às vezes brinquedos a qualquer criança sem distinção, ao passo que no outro dia ocorre a loucura de pais e mães em busca da "compra da felicidade do seu filho". Presentes na mão da criança é legal ( eu mesma adorava ganhar presentes), mas não há alegria e energia maior que a festa na rua quando se descobre que na casa da vizinha tem festa de Cosme e Damião, que estão distribuindo bolo, bala, bola, coscuz e manjar. A vida enlouquecida nos grandes centros urbanos e as dificuldades específicas de muitas cidades do interior e bairros do subúrbio pode ter reduzido muito o hábito saudável das festas nas casas em comemoração ao dia dos queridos Santos Cosme e Damião. Mas faço a provocação! Façam um teste no próximo ano ou mesmo em qualquer dia entre setembro ou outubro... Comprem muitos doces, uns saquinhos em tons de vermelho e verde, morando você onde morar, abra seu coração e sua casa pra alegria que vai chegar! Por favor, me contem como foi!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Arrumando a Casa Para a Criançada Brincar.

Queridos! Por motivos de força maior eu não poderei fazer postagens no dia dos Santos Cosme e Damião. Preparei tudo com antecedência, mas não poderei passar horas em frente ao computador uma vez que distribuir doce, ir à igreja lá em Igarassú, ajudar a fazer caruru, vatapá e cocada no terreiro, tornam um dia açúcaradamente movimentado. Além do mais, prestar homenagens aos santos gêmeos não é só pro dia 27. Por isso resolvi apresentar por aqui muitas coisas sobre esta que para mim é a mais doce e esperada das datas do ano. A partir de hoje esse blog estará repleto de discos, vídeos, fotos, matérias e como já puderam perceber, um novo podcast voltadas ao universo infantil, ao mundo dos erês. Assim como no podcast "Segura a Nêga" em breve vocês terão disponível aqui e no podomatic uma versão mixada por mim com um conteúdo semelhante ao que vocês podem ouvir logo ao entrarem no Muito Incrementado. O podcast Patota de Cosme é uma homenagem aos santos Cosme e Damião, mas também não deixa de ser para o hoje badalado Zeca Pagodinho, que sem sombra de dúvidas é o cantor popular que mais cantou para os erês. Desde o seu primeiro disco ("Zeca Pagodinho", de 1986.) ele já cantava músicas sobre menores abandonados , mas foi no segundo disco (Patota de Cosme, de 1987) é que o artista de Irajá (subúrbio carioca) revela toda sua devoção aos Ibejis. O disco é recheado de clássicos do samba e do partido alto. Vale ressaltar que o mesmo artista, conhecido pela irreverência presente em suas músicas e por cantar muitos clássicos da velha guarda da Portela (sua escola de coração), seguiu cantando às crianças e aos Santos Cosme e Damião ao longo da sua carreira nos discos: Jeito Moleque (1988), Boêmio Feliz (1989), Mania da Gente (1990), Pixote (1991) e Alô, mundo (lançado em 1993). Mas agora vou dar de presente o Lp Patota de Cosme. Lançado em 1987 na ocasião da explosão do pagode (quando feito no fundo dos quintais), após gravações nos discos da Beth Carvalho usando a formação dos grupos de pagode do subúrbio, bem como o lançamento dos discos do Grupo Fundo de Quintal no início dos anos 80, das coletâneas chamadas Raça Brasileira e Aba do Pagode. Nessa maravilha de cenário é que este disco (patota de cosme) foi um dos mais executados nas rádios de todo o país. Além das próprias músicas que encontradas no disco, outro elemento que chama atenção é a capa do mesmo. Essa fotografia é uma das mais bonitas e cheias de força que eu já vi num disco de samba. Nela as crianças que aparecem são moradoras do "Buraco Quente" no Morro da Mangueira. Já no verso, o Zeca aparece junto a criançada que treinava no Olaria (time de futebol do Rio). Repleto de convidados especiais como Mauro Diniz e Arlindo Cruz (parceiros de composição do Zeca Pagodinho) o disco representa bem o que é a malandragem que já não usava terno de linho e navalha, mas que não havia perdido a malemolência.

Para conheçer ou relembrar...

Ouça na Vitrola

Lp Patota de Cosme (RGE, 1987)

Músicas do Disco:

1
Patota de Cosme

2
Sem endereço

3
Feriste um coração

4
Tempo de don-don

5
Gota de esperança

6
Termina aqui

7
Pot-pourri de partido-alto:

• Nega danada (Chatim)
• Mulher ingrata (Chatim)
• Para o bem do nosso bem (Alvaiade)
8
Menor abandonado

9
Bisnaga

10
Testemunha ocular

11
Maneiras

12
Colher de pau




terça-feira, 11 de setembro de 2007

Segura a Nêga!


Uma Breve Apresentação...
Olá meus caros! Trago para vocês o resultado de uma das invenções da cabeça desta que vos escreve quase diariamente. Hi-Fi podcast é um dos projetos deste blog, que era apenas um simples podcast com uma seleção de músicas que tocariam logo ao abrir a página do Muito Incrementado. Mas como a mente não para de ter idéias, pensei com os grandes botões do meu vestidinho... Por que não convidar pessoas queridas pra fazer isso junto comigo em algumas edições? E foi isso o que fiz! O primeiro a aceitar o convite, foi o ilustre DJ Yuga, que manda ver lá pelas bandas de Minas Gerais. Ele é o discotecário da queridíssima banda Black Sonora, e além disso tem vários trabalhos de classe. Convite aceito, o que tinhamos a fazer era pensar num tema bacana para vasculhar nossas respectivas discotecas. A concepção inicial do tema deste podcast foi do Yuga, que achou de fazer uma seleção de músicas com Nega no título. Discutindo um pouco mais, achei o tema certeiro: "Segura a Nega", um podcast que reúne músicas de vários tempos em que a figura da mulher negra brasileira é ressaltado não só no título como em qualquer parte da composição. Quando achamos que tinhamos encontrado músicas em quantidade suficiente, eu aparecia sempre com uma música para acrescentar. Percebemos quanto esse tema é recorrente na música brasileira, e como a forma de abordar mudou com o passar do tempo. Além disso foi uma experiência fantástica compartilhar minhas lembranças e idéias com o Yuga (grande conhecedor de música). Em meio a conversas, lembrei da necessidade em fazer algum material visual para ilustrar este trabalho tão incrementado, e para isso lá estava o nosso super discotecário a por em prática suas habilidades como designer. Isso mesmo pessoal, além de mixar a versão do Hi-Fi que está no POdomatic ele também assina a criação da capa deste "disco" exclusivo. Pertubei muito ele pra que saísse uma capa bacana; foram vários testes e aí está o trabalho completo. Com muito orgulho eu apresento o primeiro podcast realmente incrementado, cheio de estilo, malemolência e charme como nós as negras que enfeitam esse país. Aguardem, brevemente o volume 2...

E por que Segura a Nega?
Quero ver quem segura a nega numa roda de samba, numa gafieira, segurando a onda do dia a dia? Acho que não deve ter ninguém que consiga? Bem... Foi com esse pensamento que eu nomeei este podcast, mas além disso Segura a Nega é uma das músicas mais conhecidas do Bebeto, composta e gravada por ele em 1975 e cantada por muitos, regravada anos depois pelo Clube do Balanço. A música é cheia de manha, um verdadeiro hino do nacional do Brasil do samba-rock. Além do mais o Bebeto é um dos artistas que mais exaltou a figura da negra em suas composições. Fica também uma homenagem ao Rei do balanço, o Rei dos Bailes, grande Bebeto.

As músicas deste podcast são:

01- Aí, que saudades dessa nêga ( Ed Lincoln)
02- Nêga-faço um lê lê lê/Dance mais um bocado/Deixa andar/Já vai (Cyro Monteiro & Elizeth Cardozo)
03- Nega do Cabelo Duro (Astrud Gilberto & Walter Wanderley)
04- Nega Manhosa (Nelson Gonçalves)
05- Nega Dina ( Nara Leão, Zé Ketti e João do Vale)

06- Nega Celeste (Grupo Fundo de Quintal)
07- Espere oh! Nega ( João Nogueira)

08- A nega se vingou (Walter Wanderley)

09- Balaio Da Nega ( Marku Ribas)

10- Nega De Obaluaê ( Benito di Paula)

11- Nega Tijucana (Wilson Simonal)
12- Ninguém Tasca ( O Gavião) ( GOLDEN BOYS)

13- Nega ( Baiano e Os Novos Caetanos)

14- Nega ( Gilberto Gil & Jorge Ben)

15- Nega Olivia
(Bebeto)
16- Vem Cá Nega
(Clube Do Balanço)
17- A Nêga e o Rebolado ( Funk Como Le Gusta)

18- Segura a Nega (Bebeto)

Se você quiser fazer o download basta clicar abaixo:

Ouça na Vitrola

Para ouvir a versão mixada deste podcast basta clicar no ícone do podomatic.



É pra ouvir e balançar...



domingo, 9 de setembro de 2007

Talento de Verdade

Mulher, deixa de bandeira
Mulata nunca foi uma profissão
Mucama você é a musa
No canto da minha nação



Mulher, deixa de bandeira
Mulata nunca foi uma profissão
Mucama você é a musa
No canto da minha nação




Se você quer saber o que é seriedade:
É Benedita da Silva
Aprender o que é garra:
É a mulher do Mandela
Ter talento de verdade:
Se liga na Ruth de Souza
Um exemplo de coragem:
Olha pra mãe na favela





Sensualidade, guarda pra tua raça
Não se deixe enganar

Assuma a sua identidade
Seja mulher de verdade
Seja mais do que se quer

Assuma a sua identidade
Seja negra de verdade
Seja mais, seja mulher


Nesta postagem quero mostrar que o samba não apenas cita a mulher negra como objeto, ou ressalta seus atributos físicos. Claro que, há grandes composições que ressaltam e valorizam nossa beleza, mas não é só isso o que somos. Caso não saibam o texto que abre esta postagem é a letra da música Talento de Verdade, composta pela Leci Brandão e Alceu Maia, que está no disco Dignidade da própria Leci, gravado em 1987. Essa música para muitos não é um hit como "Eu só quero te namorar", "Fogueira de uma paixão" e "Luz do teu olhar", que também estão no disco. Mas para mim é uma das melhores músicas que a Leci Brandão já fez. Em "Talento de Verdade" Leci Brandão que é uma artista totalmente comprometida com as causas e necessidades não só do povo negro, como também de toda a população menos favorecida do país e que acredita que a música (arte em geral) não se resume em entretenimento pelo entretenimento, mostra que a capacidade da mulher negra não está restrita a atividades supérfulas. Na letra ela e seu parceiro de composição, dão destaque as mulheres negras que a seu modo vão além do padrão pensável para as negras. Benedita da Silva, Winnie Mandela ("A então Mãe da Nação da África do Sul, atual Hobin Hood de saias"), e a atriz Ruth de Souza, e claro, as verdadeiras heroínas do dia a dia, as mães nas favelas. Bem..Acredito que vocês querem ouvir a música. Então lá vai!

Para conhecer ou relembrar...

Ouça na Vitrola


Lp Dignidade, Leci Brandão, 1987.

Músicas do Lp:

1
Vai ter que me aturar

2
Só quero te namorar

3
Talento de verdade

4
Luz do teu olhar

5
Lá e cá

6
Nova manhã

7
Me perdoa poeta

8
Fogueira de uma paixão

9
Lindo véu

10
Sanfoneiro bom

11
Gratidão

12
Simplesmente amo

13
Saudação a Iansã




sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Um Futebolístico Som Inviolável.


Aproveitando o clima futebolístico que tomou a mim (explicável pela ascensão rubro negra no campeonato brasileiro 2007), trago um disco que poucos devem conhecer. O disco Mengo 70 Inviolável, foi um disco promocional produzido pela diretoria do Flamengo em 1969 e portanto, nuca foi vendido nas lojas. Nele vocês, os mais flamengo e os mais anti-flamengo encontrão uma versão de Aquele Abraço composta por Gilberto Gil, que ganha interpretação do Quarteto Teorema, conduzido por Fernando Lona.

As Músicas do Disco:

01 - Mengo 70 (Fernando Lona / o Vidal Franca / o Carlos)
02 - Mudanca (Vidal Franca / J. O Campos)
03 - Tudo Certo em Seu Lugar (Fernando Lona / Mily)
04 - Aquele Abraço (Gilberto Gil)

Para recordar ou conheçer...

Ouça na Vitrola

(Sim! Uma Mulher também pode gostar de futebol)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Dia do Diamante Negro

Você pensa que Diamante Negro é apenas um tipo de chocolate? Acha que é uma pedra preciosa, que enfeita brincos e anéis de gente granfina? Devo informar que não é apenas isso! Diamante Negro no Brasil, pode ser também o sinônimo de Leônidas da Silva. Só espero que saibam quem foi o Leônidas! Se não souberem (o que é uma lástima), aqui estou eu pra contar um pouco do que ele representou para a história não só do futebol, como também do negro no país. Num tempo muito distante, em futebol não despertava interesses monetários. Num tempo em que pra jogar bola era necessário saber jogar e amar o desporto, havia uma verdadeira divisão social da bola. Nos clubes, a alva classe média e rica das cidades brasileiras, nos campinhos de terra batida a pigmentada e desfavorecida população das favelas (morros) e bairros do subúrbio. Mas é no campinho, com bola de meia e pé no chão que surgiram os maiores futebolistas desta nação. As histórias são comuns na malemolência, pobreza, na convivência com os preconceitos dos outros. E é nesse contexto que nasce na cidade do Rio de Janeiro, ao dia 06/09/1913, Leônidas da Silva. Era filho de "Dona" Maria e do "Sr." Manoel Nunes da Silva e na infância torceu para o Fluminense, encantado que foi com o grande time tricolor tricampeão carioca em 1917/1918/1919. Como toda criança, quer seja pobre, quer seja rica, sonhava em ser jogador de futebol e assim foi. Iniciou sua carreira no São Cristóvão F.C. Jogou no Flamengo de 1936 a 1942, tendo conquistado o Torneio Aberto de 1936 e o campeonato carioca de 1939. No Flamengo virou ídolo, e também combateu o preconceito, sendo um dos primeiros jogadores negros a jogar pelo então elitista Clube de Regatas do Flamengo. Passou por vários clubes do Rio de Janeiro, no São Paulo, no Penãrol do Uruguai, destaque da Seleção Brasileira que fez uma péssima atuação na Copa do Mundo de 1938. Com isso foi um dos principais jogadores brasileiros de futebol e, talvez, a primeira grande estrela do futebol na era profissional no Brasil. Pois é., o mestre Leônidas deixou um grande legado ao futebol e as gerações posteriores a dele, tanto na qualidade técnica quanto na luta contra os preconceitos (basta lembrar do polêmico Paulo Cesar Cajú nos anos 70). Até hoje muitos "jogadores de futebol" se orgulham quando raramente conseguem marcar um "gol de bicicleta", mas às vezes me pergunto se eles sabem quem foi o inventor da plástica jogada. No país das pessoas da cabeça de papelão, da memória de vento, os mais jovens não sabem que o "Diamante Negro da Silva" fazia desta a mais encantadora e aguardada jogada, mais até que o próprio gol, eu diria. A primeira bicicleta surgiu no jogo do "Bonsucesso" versus o extinto"Carioca", nos idos 24 de abril de 1932, já a segunda foi pelo meu querido Flamengo num jogo contra o Independiente da Argentina. Posteriormente no SãoPaulo e na Seleção Brasileira o público teve a oportunidade de ver ao vivo a imagem que foi imortalizada por fotografia que até hoje revela a beleza de uma bicicleta se convertendo em gol. Mas vocês devem se perguntar, por que o Leônidas ganhou o apelido de Diamante Negro, e o que é que o chocolate tem com isso! Simples! O apelido de "Diamante Negro" foi dado pelo jornalista francês Raymond Thourmagem, da revista Paris Match, quando maravilhado pela habilidade do crioulo. Já o apelido de "Homem-Borracha", também dado pelo mesmo jornalista, foi devido a sua elasticidade. Diante do sucesso do Leônidas, anos mais tarde a empresa Lacta aproveitando-se do prestigio do atleta "homenageou-o", criando o chocolate "Diamante negro" que é vendido até hoje. A empresa só pagou dois contos de réis à época, sendo que Leônidas nunca mais cobrou nada pelo uso da marca. Depois de abandonar os gramados, em 1951, ainda continuou ligado ao esporte. Foi dirigente do São Paulo, logo depois virou comentarista esportivo, sendo considerado por muito um comentarista direto, duro e polêmico. Chegou a ganhar sete prêmios "Roquette Pinto". Sua carreira de radialista teve que ser interrompida em 1974 devido a doença do Mal de Alzheimer. Durante trinta anos ele viveu em uma casa para tratamento de idosos em São Paulo até morrer, em 24 de janeiro de 2004, por causa de complicações relacionadas à doença. A sua esposa e fiel companheira, Albertina Santos, foi quem cuidou dele até seus últimos dias. Todos os dias ela visitava o marido e passava o tempo com ele, cuidando do eterno craque. O tratamento foi mantido pelo São Paulo, último time que Leônidas defendeu como jogador. Foi enterrado no Cemitério da Paz, em São Paulo.
Graças aos esforços de alguns o legado do "Diamante Negro" jamais será esquecido, mesmo o Brasil sendo um país que não dá muita atenção aos ídolos do passado. Foi lançada uma biografia do atleta e sua vida, havia a intenção de transformá-la em filme, mas até agora não se ouviu nenhum "claquete" indicando o início das filmagens. Nos noticiários, uma nota discreta, um comentário pequeno... Mas por aqui fica a homenagem e a esperança de que os amantes do futebol não esqueçam desse que foi um dos maiores jogadores de todos os tempos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Lamentos em Samba Canção!

Elza Soares canta os lamentos de uma mulher cansada de esperar pelo seu homem em vídeo produzido pela Tv Cultura em 1978. A música é uma daquelas que tocam justamente na questão da mulher comportada, que está cansada de viver a esperar em casa pelo seu homem enquanto ele tem uma vida voltada às vadiagens. A mulher se cansa e quer realmente virar o jogo. Quer olhar só pra frente, ser indiferente e deixar de chorar. É o grito dizendo basta! O fim do sonho daquela nega linda e desejada por todos que encontra um crioulo bacana no samba, se apaixona por ele, casa e deixa a vida de brilhos de cabrocha com o sonho de constituir família. Aquele sonho com um amor ideal, quase uma história de contos de fadas, mas que no morro ganha outras tonalidades.

Achado da Tv Sacundin

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A história de uma nega que queria ter nascido em 1963...


Ela queria um baile funk sem ser coisa de cachorra como é hoje.

Estampa floral na saia e na calça e na blusa-tudo-ao-mesmo-tempo-e-sem-ser-brega

Didi quando era amigo do Dedé

Caetano Veloso antes de ser um banana de pijama


Gilberto Gil quando era gordinho e não tinha dreads

Jorge Ben quando ainda cantava agudinho


Ter visto as novelas originais e não os remakes

A garota de ipanema e não a "Tici Justus"

Roda de samba com prato e faca, pernada e pastouras

Andy Warhol e não Big Brother

Pegar carona na lambreta do Rei Reginaldo Rossi

Fío Maravilha, bestial e genial

O bandido da luz vermelha, e não a Suzane


Pentear o cabelo com garfo, em vez de alisamento japonês.

sábado, 18 de agosto de 2007

Jongo da Serrinha (Disco)

Disco lindo e esgotado!

Não cabe maiores explicações!

Ouça na Vitrola




terça-feira, 14 de agosto de 2007

Flutuando com os Pés no Chão!

Como já puderam perceber, por aqui eu costumo escrever muito sobre o samba, seus "derivados" e de um modo geral sobre tudo que se relaciona a ele no intimo ou de forma opositiva. Pois é! Mas ao pensar com os grandes botões do meu vestido, observei no quanto fui tonta em falar tanto em samba deixando de lado o Jongo! Isso sem falar no Caxambú, Coco de Roda (primo nordestino do samba), Batuque (primo paulista), no Maxixe, e no Choro, que terão seus respectivos momentos em breve. Mas voltando... Como esquecer do jongo, se ele é pra mim a semente do samba e do partido alto? Há tempos não se via abrir uma roda com cavaquinhos, tambores e palmas de mão e mesmo assim há tanta gente que ainda não o conhece. Pra corrigir esta vacilação pessoal e ajudar de forma simples na divulgação desta maravilha de pés no chão, ofereco um presente a vocês; a exibição do curta - metragem encontrado no Youtube "Jongo com Mestre Darcy". Um belo registro feito pelo diretor Guilherme Fernandez, em que o grande mestre jongueiro abre as portas do seu barraco e mostra toda sua genialidade numa conversa realmente afinada. O Mestre Darcy teve a sorte em ver o Jongo começar a ser tratado como deve, diferente da sua mãe e tantos outros mestres como o próprio Aniceto. "Redescoberto" pela juventude cult da Lapa, o Jongo entrou na vida da classe média carioca, tamém passou a ser reaprendido nos morros e comunidades, pisou nos placos dos grandes teatros pelo Brasil e exterior, se organizou tornando-se bem imaterial, grupo cultural, ONG, contudo não retirou o mestre e tantos outros da situação de pobreza vivida. O mestre fundador do Jongo da Serrinha faleceu em 2001, mas Vovó Maria segue no matriarcado firme e forte. Quanto ao Mestre Darcy? Ele está sempre presente onde existir uma roda com tambores, cavaquinho, saias rodando, palmas de mão e pés no chão. Machado!

Quer mais informações sobre o Jongo?
É por aqui que você chega lá...

Grupo Cultural Jongo da Serrinha

Jongo Quilombo São José (Matéria no JB)

Mais um achado da Tv Sacundin!

sábado, 11 de agosto de 2007

Aniceto do Império e seu partido que é coisa de cinema

Pele escura, cabelos brancos em contraste, voz com força ancestral, a resistência, a Serrinha, um dos pilares do Império Serrano, aquela maravilha de cenário. Local em que "qualquer criança, toca um pandeiro, um surdo e um cavaquinho. Acompanha o canto de um passarinho, sem errar o compasso". Para quem não sabe o carioca do Estácio, Aniceto de Menezes e Silva Junior desde os 16 anos vivia o mundo do samba, jongo e partido alto. Com isso travou amizade com Paulo da Portela, Xangô da Mangueira, Alberto Lonato e outros bambas. Freqüentador da agremiação Prazer da Serrinha, fundou a escola de samba Império Serrano, em 1947, ao lado de Antônio Fuleiro (Mestre Fuleiro), Molequinho, Mocorongo e outros não menos importantes. Entretanto, nunca fez parte da Ala dos Compositores da escola, por não gostar de compor sambas-enredo. Destacou-se mesmo no partido-alto, firmando-se como um dos grandes partideiros da história, sem no entanto economizar nas construções gramaticais rebuscadas e em um vocabulário julgado incomum para o universo do samba que de uma certa forma descriminava o partido-alto. Por causa deste talento, era o orador oficial da escola. Mestre Jongueiro, dominava o conhecimento de outras manifestações musicais-religiosas da tradição africana, como o Caxambú. Em 1977 gravou o disco "O Partido Alto de Aniceto & Campolino" (MIS) ao lado de Nilton Campolino, produzido por Elton Medeiros, com nove composições de sua autoria. Considerado pelos demais sambistas como um dos últimos mestres do partido-alto, tinha mais de 600 composições catalogadas, mas infelizmente poucas foram gravadas. Seu único disco individual, é este que apresento para vocês. Aniceto então com 70 anos de idade, em 1984 tem lançado pela CID o Lp "Partido Alto Nota 10", álbum que conta com todas as faixas compostas pelo partideiro e com participações de luxo do Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Roberto Ribeiro, João Nogueira, Zezé Motta e Clementina de Jesus. Pastoras formam um coro que nos transporta diretamente para os fundos de quintais com seus varais e roupas quarando ao sol, batida de faca no prato, palmas de mão, trilha sonora perfeita pra cair no miudinho. Já idoso e apontado como referência para os mais jovens nos anos 70 e 80, apresentava-se ao lado de outros representantes do partido-alto, como Wilson Moreira e Nei Lopes. Mais de duas décadas depois o lançamento deste disco, seu nome é "redescoberto" pelas gerações mais novas. Se você ainda não teve a oportunidade de ouvir o nosso mestre ou nunca mais ouviu sua voz, chegou a hora!

Pra conhecer ou relembrar...

Aniceto do Império Partido Alto Nota 10

Faixas do Lp:

1-Partido Alto
2-Desaforo
3-É Fogo
4-Chega Devagar
5-Difícil
6-Ginga de Yayá
7-Quando Louvar Partideiro
8-Entrevista
9-És Partideiro?
10-Quem é teu pai
11-Mulher na presidência
12-Dona Maria Luíza


Ouça na Vitrola

Minha tv faz sacundin

Como falei anteriormente, me frustrei com a tal da televisão.
Se nem novela boa tão fazendo mais, imaginem o resto! Fora que todos agora só querem a tal da tv colorida com telas planas e imagem deixando a desejar. Há alguns canais e programas que se salvam, geralmente os públicos, que se encarregam de fazer valer à pena parar em frente a tela do aparelho. Quando essa coisa de tv irá melhorar? Isso aí não sei mesmo! Mas como não suporto os "plin-plins" da tv ou ficar de braços cruzados esperando a chegada da tão falada tv digital pra ver algo que seja interessante, resolvi colocar as mãos na massa! Agora, no Muito Incrementado vocês também terão acesso à notícias e discussões sobre a programação das emissoras de TV, vídeos raros, outros nem tanto, curtas-metragens, matérias exclusivas produzidas pelo blog e mais coisinhas que saírem dessa mente! Então...
Sejam muito bem-vindos a primeira exibição da nossa Tv Sacundin!


Pra comessar trago um vídeo que está no Youtube.
Aniceto do Império em...Dia de Alforria...?
A história do fundador da Escola de Samba Império Serrano e militante do cais do porto carioca: Ancineto do Império. Então com 72 anos, ele fala de sua intensa produção musical, inspirada na música dos escravos do século XVIII, e de suas lutas sindicais como estivador.

Curta rodado em 1981, cuja direção e roteiro estão sob assinatura do Zózimo Bulbul

Pra ver este filme na integra e o curta "Samba no Trem" assista: Curta Brasil.
O programa da Tve Brasil, exibe hoje (sábado, 11 de agosto) à meia noite, os filmes e conta com a presença luxuosa do "cineastro" em uma entrevista e discussão sobre seus curtas.

Vocês não devem perder!
Sublime!



Ao Olho Negro de Zózimo Bulbul

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A Volta

Opa!
Como estão vocês meus queridos?
Deu pra perceber que passei uns tempos de molho... Não escrevi e tão pouco postei mais Lp algum. Mas agora que as coisas se organizaram eu volto mandando ver, e repleta de novidades por aqui! E não há nada melhor para celebrar a volta das atividades deste ambiente virtual extremamente incrementado, que tornar disponível para vocês um Lp que eu adoro escutar. Se bem que a palavra mais correta seria dançar. É bem óbvio mas espero que gostem...
Um dos mais especiais discos do Ed Lincoln, A Volta marcou o retorno do organista a música depois de passar sete meses paralisado numa cama após um acidente de carro em 1963. Disco em que ele e os músicos do seu conjunto revelam a alegria em voltar a tocar e fazer dançar as pessoas nos bailes finos e nas quebradas no morro, através das vitrolas e bailes Hi-Fi. A foto da capa nos lembra o ambiente de uma daquelas coletivas de imprensa bem comuns atualmente, de certos "artistas" que diferentemente do Ed Lincoln, costumam promover mas não tem muito a dizer. Ou melhor, falam mais sobre o carro do ano que compraram, ou mesmo do namorado novo que foi namorado daquele fulano que fazia um papel que ninguém lembra na última novela e por aí vai. Fui ácida? Pode ser. Mas voltando ao disco, a única coisa que posso afirmar é que com suas músicas ele consegue sintetizar todo o ambiente dos bailes e gafieiras que eu tanto amo. No disco encontramos composições do próprio Ed Lincoln em parcerias com Orlandivo (quando ainda Orlann Divo), Durval Ferreira e outros não menos importantes. Minha dica: Ouçam de pronto a música "The Blues Walk" e "Palladium" que anos depois foi regravada pelo Clube do Balanço. Não vou contar nada sobre elas, só quero ler os comentários depois.

Ed Lincoln

Lp: A Volta (1964)

01 - Ai Que Saudade Dessa Nega (Ed Lincoln)
02 - Eu Vou Também (Menininha) (Ed Lincoln / Orlann Divo)
03 - The Blues Walk (C. Marrom)
04 - Falaram Tanto de Você (Durval Ferreira / Orlann Divo)
05 - Vou Andar Por Aí (Newton Chaves)
06 - Deixe Isso Pra Lá (Ed Lincoln / Luis Paulo)
07 - Na Onda do Berimbau (Oswaldo Nunes)
08 - Amar É Bom (Ed Lincoln)
09 - Palladium (Ed Lincoln / Orlann Divo)
10 - Sacy Pererê (Humberto Reis / Rildo Hora)
11 - São Salvador (Durval Ferreira / Aglaê)
12 - Voltei (Ed Lincoln / Silvio César)

Pra conhecer ou relembrar...

Ouça na Vitrola


quarta-feira, 27 de junho de 2007

Senhor Samba

Trago o disco de um daqueles reis da voz, que subiam ao morro no afã de descobrir algum novo samba para emplacar nas paradas de sucesso das rádios brasileiras na década de 50. Mas este era diferente dos outros, pois se tornou "padrinho", amigo e quase um pai de nada mais nada menos que Geraldo Pereira, livrando - o diversas vezes do xadrez ou o fato de providenciar todos os detalhes do enterro do brigão Geraldo, pagando das contas do hospital ao atestado de óbito. Neste caso a música uniu duas pessoas numa relação que foi além dos interesses. Então como homenagem ao Cyro, como também ao Geraldo Pereira ofereço a vocês dois discos do Cyro. O primeiro é Lp Senhor Samba, de 1962 [foto abaixo], em breve mais um disco.

1-Quatro loucos num samba
2.-Liberdade demais
3-Teléco-téco
4-Malandro bamba
5-Cara feia
6-Com fome não
7-Irene
8-Minha Marilú
9-Meu bem
10-Chóra, coração
11-P’ra brincar de namorar
12-Receita de mulher

Para conhecer ou relembrar...

Benito na Tupy

Cassino do Chacrinha na Tupy minha gente!
E com o Benito di Paula...
Vá lá que aparece um ser estranho apresentando o que dispensa apresentações, mas vejam!!

PS: Corre na boca miúda há seres no universo que acham ele (o Benito) é brega. Por favor!!!
Desde quando vestuário se tornou requisito de música boa? Não me informaram...


Pagode no Cassino

Sim é ele!
O rei da propaganda Zeca-feira, só que numa versão físico-financeiramente delgada em 1985.
Aqui vai uma primeira homenagem as Chacretes, que no vídeo fazem de tudo por um olhar da câmera que capturava imagens dos crioulos mandando brasa, riscando o tapete. Prestem atenção nesse pessoal, pois isso sim é que é dança de verdade. Não é coisa dos famosos sabe!!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Meu samba nem por cem contos.

Segunda - feira, dia oficial da volta a algumas atividades rotineiras. Acordei cedo, segui todo o ritual de higiene matinal, em seguida fui pro quintal tirar da corda as roupas na Dona Aracy. Tamanco nos pés, ladeira a baixo com a trouxa na cabeça, tendinha do Seu Severino, criançada brincando com bolinha de gude, empinando pipa, pessoal saindo de casa a caminho do trabalho, e claro, malandro sempre corujando o movimento. Já no asfalto eu encontro com Belé. Ele é um crioulo metido a galã de rádio novela, que vive a fazer elogios dos meus atributos e de qualquer nêga que passa perto dele em qualquer lugar. Pode ser no samba, pode ser na rua, no beco, ladeira, pode até ser no bonde. Pra ele qualquer hora é hora de versar acompanhado pelo ritmo que surgia de um latão de manteiga. Acho que ele é a figura mais querida do morro, mais um vivente do mundo dos bambas, biritas, vadiagem e cabrochas. O Severino, dono da tendinha vivia a incentivar o talento do Belé, afirmando que seus sambas eram coisa fina, que não poderiam ficar confinados. Tinham que ganhar o asfalto!

Desconfiado como só ele, o Belé demorou, relutou e teimou muito com todos os outros crioulos do morro em oferecer seus sambas pra algum cantor do asfalto. Num desses dias a caminho do trabalho o crioulo versa pra mim com a sua lata na mão. Mas não era um verso alegre e assanhado como de costume, era um lamento. Senti que ele queria conversar, que gostaria de receber atenção de verdade. Não era dengo de neguinho esperto, ele naquele momento não queria a mesma e única atenção só recebida na tendinha, no butéco quando neguinho já alto de bebida, mandava ele versar em troca de umas e outras, um prato de picadinho e quando muito uns trocados. Larguei a trouxa no chão, e bem pertinho dele ouvi seu longo e triste desabafo: "Não dá pé Pretinha! Os bacana sobe aqui, vem com um papo de tapear neném pra comprar meu samba por um trocado qualquer. É tão pouco que o valor que me oferecem não paga nem o lenço branco que eles enxugam o suor do rosto. Todo mundo me chama de burro, por não vender meus sambas. Que não adianta serem bons se não dão dinheiro. Eles podem até me chamar de otário, mas pelo menos eu não fico como o resto da turma por aí e por aqui vende samba mermo sem pena, mas depois fica chorando no copo da branquinha por que não saiu seu nome no disco, não falam dele no rádio. Se for pra ser assim eu prefiro ficar por aqui versando pra você esperando uma chance de mexer no teu chamego. Mas francamente Binidita, eu quero que a minha gente saiba que fui eu que fez o samba que toca no rádio. Quero que sintam orgulho de mim, que sintam orgulho deles mesmos. Isso não é orgulho besta, isso é sentimento. Um negócio que é meu e não vendo por qualquer cem contos de réis".

Nunca pensei que ouviria aquelas palavras dele. Não falo isso por achar que ele não fosse inteligente, muito pelo contrário. A questão é que nunca escutei tanta verdade junta saindo de uma pessoa só. Belé é um tipo ideal, um malandro que nem parece ter vivido no Planeta Samba.
Ele continuou no morro soltando graça pras pretinhas, sapateando e tocando tamborim no carnaval, rindo e fazendo rir a rapazeada, encantando e em certos momentos, deixando o Severino da tendinha com seus poucos cabelos brancos em pé. Muitos reis da voz e seus empresários continuaram em busca de seus sambas cheios de um negócio que eles chamam de Picardia. Belé não mudou seu discurso. Pode até ser que tenha sido duro com ele mesmo, pode ser que ele tivesse entrado pra galeria dos baluartes do samba. Mas foi esse o caminho que ele escolheu. Sonho com a fama e dinheiro? Aquela coisa de nascer no morro e penetrar no seio da alta sociedade? Ora, pra que? Vocês querem sociedade mais alta do que a que vive no morro? Bem, se existir alguma me falem, pois eu não a conheço.

De tanto falar sobre vender ou não um samba, acabei lembrando da música:
Eu vendo um samba, cantada pelo Orlandivo. A gravação está no disco Samba- Flex.
Pra conhecer ou relembrar...
Ouça na Vitrola

domingo, 24 de junho de 2007

Samba em Preto e Branco

Ciro Monteiro canta "A Falsa Baiana" de Geraldo Pereira.
Na mesa estão
Lúcio Alves (violão), Elke Maravilha, Carminha Mascarenhas, Sérgio Cabral e Albino Pinheiro.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pin Ups são como Vedetes sem rebolado!

Inventadas para acalmar os corações e anestesiar as mentes dos soldados estadunidenses durante a segunda grande e patética guerra mundial, as Pin Ups surgiram com seus belos sorrisos em poses provocantes, fazendo cara de inocente nas folhinhas de calendário e nas revistas masculinas. Rainhas na arte de exibir as pernocas, foram as pioneiras na profissão "atriz-modelo-dançarina". Representavam o perfil (branco) de beleza dos anos 40 e 50, caracterizado pelas formas sinuosas, pele clara, cabelos lisos e bem penteados, carmim na boca, rouge nas maçãs do rosto, unhas pintadas e um certo ar de boa menina de família um pouco travessa. As "garotas para pendurar" foram além das fotografias em calendários e revistas masculinas da época. Chegaram a participar de muitos filmes em que a juventude californiana torrava sua pele na praia ao som de Baech Boys, muito surfing USA, carros conversíveis, vespas, maiôs e biquinís de bolinha. Como tudo por aquelas bandas pode ser convertido em dinheiro, as Pin Ups se tornaram produto tipo exportação. Assim, países como a Itália e a França (aliados dos EUA na guerra) passaram a ter suas divas voluptuosas nas capas de revistas, calendários e no cinema. Como não poderia deixar de ser, nós, melhor dizendo, eles os homens seguiram o bonde dos acontecimentos e adaptaram aquele estereótipo feminino aos padrões Latino- Americanos e a meu ver, transformaram a figura das Pin ups na das Vedetes. Um dos arquitetos que fizeram essa adaptação foi o Staninslaw Ponte Preta, que com suas Certinhas (As Certinhas do Lalau) auxiliou na impalantação da profissão "atriz-modelo-dançarina" nas terras verde-amarelas.
Para saber mais sobre o Lalau, nada mais apropriado que ler como o próprio se descreve:

Sérgio Porto, por ele mesmo, "Auto-retrato do artista quando não tão jovem"

"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.

OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.

PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.

QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.

PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.

ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.

PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.

SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.

TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.

MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).

ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.

Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."


Pois é, esse cidadão foi um dos responsáveis pela aparição dessas jovens que de modo algum eram bem vistas de acordo com os "valores" brasileiros dos anos 40/50. Semanalmente estampavam a coluna do "Lalau" em poses, plumas e pernas de fora. Nesse caso o padrão estético é completamente divergente às Pin Ups, afinal isso aqui é o Brasil. Morenas, lourinhas, mulatas (poucas) representavam a "biodiversidade" feminina do país, tão exaltada nas marchinhas carnavalescas. Além da fotogenia, as vedetes tinham por obrigação saber cantar, dançar, representar e claro, rebolar. Mas como nem tudo é só arte, algumas dessas meninas, conciliavam duas atividades, o teatro rebolado com suas peças cômicas, as chanchadas no cinem e a vida de dama das camélias (muitas eram perseguidas pela polícia). Mas eu pergunto a vocês: Qual a diferença entre as garotas penduradas e as Vedetes do rebolado? Uma vez que tanto as estrangeiras, quanto as brasileiras foram os ícones da sensualidade (vistas como má influência) no século XX. Nem se preocupem que eu facilmente respondo! As semelhanças são evidentes mas a grande diferença reside no fato de que a figura do mulherão brasileiro sempre existiu, e antes dos cliques e aparições no cinema, sempre foi usado nos circos, casas noturnas (das mais elegantes as mais populares), teatros, e claro nos cabarés. Personagens fruto de uma imaginação, do típico machão brasieiro que dividia a mulher em dois grupos extrememente distintos (mãe dos filhos/mulher da rua), é que afirmo o quanto essas mulheres contribuíram para a cultura nacional. Mara Rúbia, Virgínia Lane, Dercy Gonçalves, Elvira Pagã, Luz del Fuego. Divas que tiveram muito que rebolar para ter seus nomes marcados na história do cinema e do teatro brasileiro.

Veja trecho do Filme "Aviso aos Navegantes" com Oscarito e muitas Vedetes:



Vedetes em vinil! Pra conhecer ou relembrar...
Disco: As Vedetes (1964)
Ouça na Vitrola