sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pin Ups são como Vedetes sem rebolado!

Inventadas para acalmar os corações e anestesiar as mentes dos soldados estadunidenses durante a segunda grande e patética guerra mundial, as Pin Ups surgiram com seus belos sorrisos em poses provocantes, fazendo cara de inocente nas folhinhas de calendário e nas revistas masculinas. Rainhas na arte de exibir as pernocas, foram as pioneiras na profissão "atriz-modelo-dançarina". Representavam o perfil (branco) de beleza dos anos 40 e 50, caracterizado pelas formas sinuosas, pele clara, cabelos lisos e bem penteados, carmim na boca, rouge nas maçãs do rosto, unhas pintadas e um certo ar de boa menina de família um pouco travessa. As "garotas para pendurar" foram além das fotografias em calendários e revistas masculinas da época. Chegaram a participar de muitos filmes em que a juventude californiana torrava sua pele na praia ao som de Baech Boys, muito surfing USA, carros conversíveis, vespas, maiôs e biquinís de bolinha. Como tudo por aquelas bandas pode ser convertido em dinheiro, as Pin Ups se tornaram produto tipo exportação. Assim, países como a Itália e a França (aliados dos EUA na guerra) passaram a ter suas divas voluptuosas nas capas de revistas, calendários e no cinema. Como não poderia deixar de ser, nós, melhor dizendo, eles os homens seguiram o bonde dos acontecimentos e adaptaram aquele estereótipo feminino aos padrões Latino- Americanos e a meu ver, transformaram a figura das Pin ups na das Vedetes. Um dos arquitetos que fizeram essa adaptação foi o Staninslaw Ponte Preta, que com suas Certinhas (As Certinhas do Lalau) auxiliou na impalantação da profissão "atriz-modelo-dançarina" nas terras verde-amarelas.
Para saber mais sobre o Lalau, nada mais apropriado que ler como o próprio se descreve:

Sérgio Porto, por ele mesmo, "Auto-retrato do artista quando não tão jovem"

"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.

OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.

PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.

QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.

PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.

ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.

PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.

SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.

TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.

MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).

ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.

Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."


Pois é, esse cidadão foi um dos responsáveis pela aparição dessas jovens que de modo algum eram bem vistas de acordo com os "valores" brasileiros dos anos 40/50. Semanalmente estampavam a coluna do "Lalau" em poses, plumas e pernas de fora. Nesse caso o padrão estético é completamente divergente às Pin Ups, afinal isso aqui é o Brasil. Morenas, lourinhas, mulatas (poucas) representavam a "biodiversidade" feminina do país, tão exaltada nas marchinhas carnavalescas. Além da fotogenia, as vedetes tinham por obrigação saber cantar, dançar, representar e claro, rebolar. Mas como nem tudo é só arte, algumas dessas meninas, conciliavam duas atividades, o teatro rebolado com suas peças cômicas, as chanchadas no cinem e a vida de dama das camélias (muitas eram perseguidas pela polícia). Mas eu pergunto a vocês: Qual a diferença entre as garotas penduradas e as Vedetes do rebolado? Uma vez que tanto as estrangeiras, quanto as brasileiras foram os ícones da sensualidade (vistas como má influência) no século XX. Nem se preocupem que eu facilmente respondo! As semelhanças são evidentes mas a grande diferença reside no fato de que a figura do mulherão brasileiro sempre existiu, e antes dos cliques e aparições no cinema, sempre foi usado nos circos, casas noturnas (das mais elegantes as mais populares), teatros, e claro nos cabarés. Personagens fruto de uma imaginação, do típico machão brasieiro que dividia a mulher em dois grupos extrememente distintos (mãe dos filhos/mulher da rua), é que afirmo o quanto essas mulheres contribuíram para a cultura nacional. Mara Rúbia, Virgínia Lane, Dercy Gonçalves, Elvira Pagã, Luz del Fuego. Divas que tiveram muito que rebolar para ter seus nomes marcados na história do cinema e do teatro brasileiro.

Veja trecho do Filme "Aviso aos Navegantes" com Oscarito e muitas Vedetes:



Vedetes em vinil! Pra conhecer ou relembrar...
Disco: As Vedetes (1964)
Ouça na Vitrola


































4 comentários:

DJ Yuga disse...

Salve o Rebolado de Nossas Vedetes!

AH! E por falar em Dercy Gonçalves, este ano ela completa 100 anos... eita, a "vida é um sopro"...

Yuga

Kemla Baptista disse...

Exatamente isso!
Boa lembrança Sr.Discotecário!

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