sábado, 11 de agosto de 2007

Aniceto do Império e seu partido que é coisa de cinema

Pele escura, cabelos brancos em contraste, voz com força ancestral, a resistência, a Serrinha, um dos pilares do Império Serrano, aquela maravilha de cenário. Local em que "qualquer criança, toca um pandeiro, um surdo e um cavaquinho. Acompanha o canto de um passarinho, sem errar o compasso". Para quem não sabe o carioca do Estácio, Aniceto de Menezes e Silva Junior desde os 16 anos vivia o mundo do samba, jongo e partido alto. Com isso travou amizade com Paulo da Portela, Xangô da Mangueira, Alberto Lonato e outros bambas. Freqüentador da agremiação Prazer da Serrinha, fundou a escola de samba Império Serrano, em 1947, ao lado de Antônio Fuleiro (Mestre Fuleiro), Molequinho, Mocorongo e outros não menos importantes. Entretanto, nunca fez parte da Ala dos Compositores da escola, por não gostar de compor sambas-enredo. Destacou-se mesmo no partido-alto, firmando-se como um dos grandes partideiros da história, sem no entanto economizar nas construções gramaticais rebuscadas e em um vocabulário julgado incomum para o universo do samba que de uma certa forma descriminava o partido-alto. Por causa deste talento, era o orador oficial da escola. Mestre Jongueiro, dominava o conhecimento de outras manifestações musicais-religiosas da tradição africana, como o Caxambú. Em 1977 gravou o disco "O Partido Alto de Aniceto & Campolino" (MIS) ao lado de Nilton Campolino, produzido por Elton Medeiros, com nove composições de sua autoria. Considerado pelos demais sambistas como um dos últimos mestres do partido-alto, tinha mais de 600 composições catalogadas, mas infelizmente poucas foram gravadas. Seu único disco individual, é este que apresento para vocês. Aniceto então com 70 anos de idade, em 1984 tem lançado pela CID o Lp "Partido Alto Nota 10", álbum que conta com todas as faixas compostas pelo partideiro e com participações de luxo do Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Roberto Ribeiro, João Nogueira, Zezé Motta e Clementina de Jesus. Pastoras formam um coro que nos transporta diretamente para os fundos de quintais com seus varais e roupas quarando ao sol, batida de faca no prato, palmas de mão, trilha sonora perfeita pra cair no miudinho. Já idoso e apontado como referência para os mais jovens nos anos 70 e 80, apresentava-se ao lado de outros representantes do partido-alto, como Wilson Moreira e Nei Lopes. Mais de duas décadas depois o lançamento deste disco, seu nome é "redescoberto" pelas gerações mais novas. Se você ainda não teve a oportunidade de ouvir o nosso mestre ou nunca mais ouviu sua voz, chegou a hora!

Pra conhecer ou relembrar...

Aniceto do Império Partido Alto Nota 10

Faixas do Lp:

1-Partido Alto
2-Desaforo
3-É Fogo
4-Chega Devagar
5-Difícil
6-Ginga de Yayá
7-Quando Louvar Partideiro
8-Entrevista
9-És Partideiro?
10-Quem é teu pai
11-Mulher na presidência
12-Dona Maria Luíza


Ouça na Vitrola

Um comentário:

kt disse...

amo o velho aniceto! esse é mestre!