quarta-feira, 27 de junho de 2007

Senhor Samba

Trago o disco de um daqueles reis da voz, que subiam ao morro no afã de descobrir algum novo samba para emplacar nas paradas de sucesso das rádios brasileiras na década de 50. Mas este era diferente dos outros, pois se tornou "padrinho", amigo e quase um pai de nada mais nada menos que Geraldo Pereira, livrando - o diversas vezes do xadrez ou o fato de providenciar todos os detalhes do enterro do brigão Geraldo, pagando das contas do hospital ao atestado de óbito. Neste caso a música uniu duas pessoas numa relação que foi além dos interesses. Então como homenagem ao Cyro, como também ao Geraldo Pereira ofereço a vocês dois discos do Cyro. O primeiro é Lp Senhor Samba, de 1962 [foto abaixo], em breve mais um disco.

1-Quatro loucos num samba
2.-Liberdade demais
3-Teléco-téco
4-Malandro bamba
5-Cara feia
6-Com fome não
7-Irene
8-Minha Marilú
9-Meu bem
10-Chóra, coração
11-P’ra brincar de namorar
12-Receita de mulher

Para conhecer ou relembrar...

Benito na Tupy

Cassino do Chacrinha na Tupy minha gente!
E com o Benito di Paula...
Vá lá que aparece um ser estranho apresentando o que dispensa apresentações, mas vejam!!

PS: Corre na boca miúda há seres no universo que acham ele (o Benito) é brega. Por favor!!!
Desde quando vestuário se tornou requisito de música boa? Não me informaram...


Pagode no Cassino

Sim é ele!
O rei da propaganda Zeca-feira, só que numa versão físico-financeiramente delgada em 1985.
Aqui vai uma primeira homenagem as Chacretes, que no vídeo fazem de tudo por um olhar da câmera que capturava imagens dos crioulos mandando brasa, riscando o tapete. Prestem atenção nesse pessoal, pois isso sim é que é dança de verdade. Não é coisa dos famosos sabe!!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Meu samba nem por cem contos.

Segunda - feira, dia oficial da volta a algumas atividades rotineiras. Acordei cedo, segui todo o ritual de higiene matinal, em seguida fui pro quintal tirar da corda as roupas na Dona Aracy. Tamanco nos pés, ladeira a baixo com a trouxa na cabeça, tendinha do Seu Severino, criançada brincando com bolinha de gude, empinando pipa, pessoal saindo de casa a caminho do trabalho, e claro, malandro sempre corujando o movimento. Já no asfalto eu encontro com Belé. Ele é um crioulo metido a galã de rádio novela, que vive a fazer elogios dos meus atributos e de qualquer nêga que passa perto dele em qualquer lugar. Pode ser no samba, pode ser na rua, no beco, ladeira, pode até ser no bonde. Pra ele qualquer hora é hora de versar acompanhado pelo ritmo que surgia de um latão de manteiga. Acho que ele é a figura mais querida do morro, mais um vivente do mundo dos bambas, biritas, vadiagem e cabrochas. O Severino, dono da tendinha vivia a incentivar o talento do Belé, afirmando que seus sambas eram coisa fina, que não poderiam ficar confinados. Tinham que ganhar o asfalto!

Desconfiado como só ele, o Belé demorou, relutou e teimou muito com todos os outros crioulos do morro em oferecer seus sambas pra algum cantor do asfalto. Num desses dias a caminho do trabalho o crioulo versa pra mim com a sua lata na mão. Mas não era um verso alegre e assanhado como de costume, era um lamento. Senti que ele queria conversar, que gostaria de receber atenção de verdade. Não era dengo de neguinho esperto, ele naquele momento não queria a mesma e única atenção só recebida na tendinha, no butéco quando neguinho já alto de bebida, mandava ele versar em troca de umas e outras, um prato de picadinho e quando muito uns trocados. Larguei a trouxa no chão, e bem pertinho dele ouvi seu longo e triste desabafo: "Não dá pé Pretinha! Os bacana sobe aqui, vem com um papo de tapear neném pra comprar meu samba por um trocado qualquer. É tão pouco que o valor que me oferecem não paga nem o lenço branco que eles enxugam o suor do rosto. Todo mundo me chama de burro, por não vender meus sambas. Que não adianta serem bons se não dão dinheiro. Eles podem até me chamar de otário, mas pelo menos eu não fico como o resto da turma por aí e por aqui vende samba mermo sem pena, mas depois fica chorando no copo da branquinha por que não saiu seu nome no disco, não falam dele no rádio. Se for pra ser assim eu prefiro ficar por aqui versando pra você esperando uma chance de mexer no teu chamego. Mas francamente Binidita, eu quero que a minha gente saiba que fui eu que fez o samba que toca no rádio. Quero que sintam orgulho de mim, que sintam orgulho deles mesmos. Isso não é orgulho besta, isso é sentimento. Um negócio que é meu e não vendo por qualquer cem contos de réis".

Nunca pensei que ouviria aquelas palavras dele. Não falo isso por achar que ele não fosse inteligente, muito pelo contrário. A questão é que nunca escutei tanta verdade junta saindo de uma pessoa só. Belé é um tipo ideal, um malandro que nem parece ter vivido no Planeta Samba.
Ele continuou no morro soltando graça pras pretinhas, sapateando e tocando tamborim no carnaval, rindo e fazendo rir a rapazeada, encantando e em certos momentos, deixando o Severino da tendinha com seus poucos cabelos brancos em pé. Muitos reis da voz e seus empresários continuaram em busca de seus sambas cheios de um negócio que eles chamam de Picardia. Belé não mudou seu discurso. Pode até ser que tenha sido duro com ele mesmo, pode ser que ele tivesse entrado pra galeria dos baluartes do samba. Mas foi esse o caminho que ele escolheu. Sonho com a fama e dinheiro? Aquela coisa de nascer no morro e penetrar no seio da alta sociedade? Ora, pra que? Vocês querem sociedade mais alta do que a que vive no morro? Bem, se existir alguma me falem, pois eu não a conheço.

De tanto falar sobre vender ou não um samba, acabei lembrando da música:
Eu vendo um samba, cantada pelo Orlandivo. A gravação está no disco Samba- Flex.
Pra conhecer ou relembrar...
Ouça na Vitrola

domingo, 24 de junho de 2007

Samba em Preto e Branco

Ciro Monteiro canta "A Falsa Baiana" de Geraldo Pereira.
Na mesa estão
Lúcio Alves (violão), Elke Maravilha, Carminha Mascarenhas, Sérgio Cabral e Albino Pinheiro.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pin Ups são como Vedetes sem rebolado!

Inventadas para acalmar os corações e anestesiar as mentes dos soldados estadunidenses durante a segunda grande e patética guerra mundial, as Pin Ups surgiram com seus belos sorrisos em poses provocantes, fazendo cara de inocente nas folhinhas de calendário e nas revistas masculinas. Rainhas na arte de exibir as pernocas, foram as pioneiras na profissão "atriz-modelo-dançarina". Representavam o perfil (branco) de beleza dos anos 40 e 50, caracterizado pelas formas sinuosas, pele clara, cabelos lisos e bem penteados, carmim na boca, rouge nas maçãs do rosto, unhas pintadas e um certo ar de boa menina de família um pouco travessa. As "garotas para pendurar" foram além das fotografias em calendários e revistas masculinas da época. Chegaram a participar de muitos filmes em que a juventude californiana torrava sua pele na praia ao som de Baech Boys, muito surfing USA, carros conversíveis, vespas, maiôs e biquinís de bolinha. Como tudo por aquelas bandas pode ser convertido em dinheiro, as Pin Ups se tornaram produto tipo exportação. Assim, países como a Itália e a França (aliados dos EUA na guerra) passaram a ter suas divas voluptuosas nas capas de revistas, calendários e no cinema. Como não poderia deixar de ser, nós, melhor dizendo, eles os homens seguiram o bonde dos acontecimentos e adaptaram aquele estereótipo feminino aos padrões Latino- Americanos e a meu ver, transformaram a figura das Pin ups na das Vedetes. Um dos arquitetos que fizeram essa adaptação foi o Staninslaw Ponte Preta, que com suas Certinhas (As Certinhas do Lalau) auxiliou na impalantação da profissão "atriz-modelo-dançarina" nas terras verde-amarelas.
Para saber mais sobre o Lalau, nada mais apropriado que ler como o próprio se descreve:

Sérgio Porto, por ele mesmo, "Auto-retrato do artista quando não tão jovem"

"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.

OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.

PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.

QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.

PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.

ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.

PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.

SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.

TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.

MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).

ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.

Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."


Pois é, esse cidadão foi um dos responsáveis pela aparição dessas jovens que de modo algum eram bem vistas de acordo com os "valores" brasileiros dos anos 40/50. Semanalmente estampavam a coluna do "Lalau" em poses, plumas e pernas de fora. Nesse caso o padrão estético é completamente divergente às Pin Ups, afinal isso aqui é o Brasil. Morenas, lourinhas, mulatas (poucas) representavam a "biodiversidade" feminina do país, tão exaltada nas marchinhas carnavalescas. Além da fotogenia, as vedetes tinham por obrigação saber cantar, dançar, representar e claro, rebolar. Mas como nem tudo é só arte, algumas dessas meninas, conciliavam duas atividades, o teatro rebolado com suas peças cômicas, as chanchadas no cinem e a vida de dama das camélias (muitas eram perseguidas pela polícia). Mas eu pergunto a vocês: Qual a diferença entre as garotas penduradas e as Vedetes do rebolado? Uma vez que tanto as estrangeiras, quanto as brasileiras foram os ícones da sensualidade (vistas como má influência) no século XX. Nem se preocupem que eu facilmente respondo! As semelhanças são evidentes mas a grande diferença reside no fato de que a figura do mulherão brasileiro sempre existiu, e antes dos cliques e aparições no cinema, sempre foi usado nos circos, casas noturnas (das mais elegantes as mais populares), teatros, e claro nos cabarés. Personagens fruto de uma imaginação, do típico machão brasieiro que dividia a mulher em dois grupos extrememente distintos (mãe dos filhos/mulher da rua), é que afirmo o quanto essas mulheres contribuíram para a cultura nacional. Mara Rúbia, Virgínia Lane, Dercy Gonçalves, Elvira Pagã, Luz del Fuego. Divas que tiveram muito que rebolar para ter seus nomes marcados na história do cinema e do teatro brasileiro.

Veja trecho do Filme "Aviso aos Navegantes" com Oscarito e muitas Vedetes:



Vedetes em vinil! Pra conhecer ou relembrar...
Disco: As Vedetes (1964)
Ouça na Vitrola


































quinta-feira, 21 de junho de 2007

Dalva de Oliveira na Tv Tupi

Sim! Nós temos Banana em Trio!



Trago um dos discos de um artista que mais vezes ouvi nos bailes que ia com meu "favorito".
Milton Banana, sua bateria e seu trio, no Lp de 1965. Uns dizem que o Milton foi esquecido.
Mas eu me pergunto, como esquecer de um dos principais bateristas da bossa nova? De um cidadão que começou a carreira tocando em casas noturnas na década 50. Acompanhou o conjunto de Luís Eça e em 1959 participou da primeira gravação de "Chega de Saudade" (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), feita por João Gilberto. Tocou tantas outras vezes com Tom e João Gilberto, participando do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall em Nova York, 1962. Também participou de outra gravação histórica: a do disco de João Gilberto e Stan Getz, em 1963. Excursionou pela Europa com João Donato e Tião Neto. Nos anos 70 criou o Milton Banana Trio, que gravou oito discos com grande sucesso. Seu balanço rítmico seria muito apreciado nos anos 90 pelos cultores ingleses do acid jazz. Depois foi redescoberto pelos discotecários (DJ´s). No momento ele toca sua bateria lá no alto, mas mesmo assim dá pra esquecer?

Detalhes do disco:

O Milton Banana Trio é:

Milton Banana

(Bateria)
Wanderley
(Piano)
Guara
(Baixo)

Faixas do Lp:

01 - Resolução (Edu Lobo / Luis Fernando Freire)
02 - Estamos Aí (Maurício Einhorn / Durval Ferreira / Regina Werneck)
03 - Arrastão (Edu Lobo / Vinicius de Moraes)
04 - Vê (Roberto Menescal / Luis Fernando Freire)
05 - Bananadas (Nelsinho)
06 - Das Rosas (Dorival Caymmi)
07 - Opinião (Zé Keti)
08 - Você (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
09 - Só Tinha de Ser Com Você (Tom Jobim / Aloysio de Oliveira)
10 - Não Bate o Coração (Eumir Deodato / Luis Fernando Freire)
11 - Preciso Aprender a Ser Só (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle)
12 - Samba Novo (Durval Ferreira / Newton Chaves)

Pra conhecer ou relembrar...
Ouça na Vitrola

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Nós Gostamos de Vocês!


Anos, discos e dentes corrigidos depois, parece que eles estão numa boa! Ao menos foi isso o que quiseram me fazer crêr!! Já não aguentava mais ter que ouvir o Jorge cantar o filho, no lugar do Fío. Lembro que foi um auê danado quando o "advogado" do Maravilha ganhou a causa pelo cliente. A relação que já era de amor e raiva com a população (grande parte dela rubro -negra), piorou com toda a história de processo na justiça. Relação de amor e raiva, sim. Pois mesmo jeito que ele era genial conseguia ser bestial. Meu "favorito" vivia entre reclamar e idolatrar o Fío! E esse foi o assunto preferido na padaria, na barca, no ônibus, na gafieira, colégios e claro nos domingos de Mário Filho. Todos ficaram perplexos com aquela atitude. Mas naquele tempo a "voz do doutor advogado era a mais importante". Tento me colocar na posição do Fío, e penso, como iria deixar de acreditar, que o doutor ia fazer algo de mau? Nunca!! Afinal, ele era o "inteligente" da situação. Sabedor das leis e detentor absoluto de um tipo de conhecimento que (para a mentalidade da época) os escuros não poderiam ter. Afinal, para negros e negras só restavam atividades, digamos, instáveis e supérfulas, como o samba, o futebol e o sexo. Enquanto a discussão sobre direitos, que não eram os direitos que realmente deviam ser cobrados, rolava na justiça. Mais e mais pessoas queriam ouvir a canção, quer fosse com a Maria Alcina, quer fosse com o próprio Babulina. Clássico da nossa música, que emoçiona o mais flamengo e o mais anti-flamengo. Um sucesso dos gramados que invadiu os palcos e as lembranças de um futebol que era jogado por música, e não apenas pelo poder do Euro.


terça-feira, 19 de junho de 2007

Majestade?

Programa de auditório.
Resultado da adição/agrupamento de:
Sílvio Santos, Lombardi, palminhas e sorrisos adestrados, caravanas, Maestro Zézinho, Jurados (Pedro de Lara), dançarinas com vontade de ser chacrete e claro, Roqueeeeeee!! Registro da Tv Mofo de um programa recente do homem do baú. Fui em busca de mais informações, e pelo que compreendi, nesse programa os artistas que estão fora da mídia, se apresentam em forma de concurso. Eles cantam um dos seus sucessos e depois uma música de "sucesso" atual. Rola até uma premiação em dinheiro! Nossa!!! Não acho que eles deveriam competir entre si! Bom mesmo é a homenagem, vê-los atuando recebendo um cachê e não competindo pra isso. Eles não precisariam passar por essa? Ora bolas, homem do baú da felicidade, patrocine um artista!!!!! Promova seus espetáculos, lançamentos de discos!






Não é só casa e comida, que faz a mulher feliz!

Alguns podem até achar que o "dramalhão" musical do Brasil pode ser pra hoje, algo cansativo. Dramalhão? Isso mesmo! É a música dos corações dilacerados, dos homens e principalmente mulheres abandonados ou desiludidos com o amor e a vida. Aquele som (geralmente em samba canção e bolero), que se ouvia constantemente e bem baixinho no rádio de pilhas no quarto das empregadas, ou nas radiólas das donas de casa do subúrbio. Música que marca um período cultural do país, em que a mulher ocupava uma posição de total subserviência e necessidade da figura do marido para ser considerada como uma "mulher decente", da "mulher feliz". Muitas canções e interpretações marcaram essa fase da música brasileira. Mas entre as interpretes, resolvi destacar a importância da Núbia Lafaiette [na foto pintura], que nos anos 50 cantava as dores, e nos anos 70 passou a cantar a mulher não queria mais ser escrava dos casamentos infelizes, revelando a então situação da mulher naquele período, que era de emancipação. Ela, que aos 70 anos resolveu a cantar lá no alto. Não no morro, sim junto com as demais estrelas do céu. Nascida na cidade de Açú no Rio grande do Norte, Idenilde da Costa Araújo, aos 12 anos de idade já fazia do cabo da vassoura um microfone para cantar as músicas de Vicente Celestino e Dalva de Oliveira. A potiguar chegou no Rio de janeiro aos 3 anos de idade e começou sua carreira no fim dos anos 50 com o nome artístico de Nilde Araújo, cantou em programas de calouros, foi crooner da boate Cave no Rio de Janeiro.

Chegou a gravar um disco ainda como Nilde Araújo o seu primeiro nome artístico, mas só assumiu o nome definitivo de Núbia Lafayette em 1960 por sugestão do compositor Adelino Moreira, que a apresentou com o apoio de Nelson Gonçalves a gravadora RCA e encontrou em Núbia a interprete ideal para suas canções inolvidáveis. Ainda em 1960, Núbia gravou seu primeiro disco de carreira com a música "Devolvi" de Adelino Moreira, que logo passou a tocar nas rádios de todo país e exaustivamente nas rádios de todo o nordeste o que a projetou como uma cantora romântica e popular.

N
elson Gonçalves teve uma grande importância na carreira da Núbia. Ele foi sua fonte de inspiração musical masculina e um grande professor ensinando-a como se comportar no palco. Núbia pela grande afinidade com o cantor foi apontada por muitos de seus fãs como um "Nelson Gonçalves de Saias", regravou muitos de seus sucessos como: Argumento (Adelino Moreira), À Volta do Boêmio (Adelino Moreira) e Fica Comigo esta Noite (Nelson Gonçalves / Adelino Moreira).

"Devolvi" o seu primeiro sucesso não foi o único, logo depois vieram cair na boca do povo músicas como o bolero "Seria tão Diferente", "Prece à lua", "Solidão", "Preciso chorar", "Primazia", "Ouvi dizer"(todas de Adelino Moreira) e "Mais uma lição"( Nonô Basílio). Depois, já pelos anos 70 e pela gravadora CBS veio uma segunda fase de sucessos, Núbia volta para as paradas com "Casa e Comida" música de Rossini Pinto que foi faixa título de um LP gravado em 1972, a música virou uma espécie de hino nacional das mulheres mal casadas e desprezadas pelo seu maridos infiéis, quase todas sabiam de cor o refrão que dizia; "Não é só casa e comida que faz a mulher feliz". Neste mesmo LP, a música "Aliança com filete de prata" (Gloria Silva) também passou a fazer parte definitivamente do seu repertório, como também as músicas que lançou anos depois a exemplo de "Mata-me" "Depressa"(Rossini Pinto), "Quem eu quero não me quer"(Raul Sampaio/ Benil Santos), "Esta noite eu queria que o mundo acabasse" (Silvio Lima)e as recordistas de pedidos suplicantes nos eufóricos shows de Núbia Lafayette: "Lama"(Aylce Chaves /Paulo Marques) e "Fracasso"(Mário Lago) músicas que ficaram celebres em sua voz.

Apesar dos modismos, Núbia sempre se manteve fiel ao romantismo das mágoas, da traição do desconsolo e da fossa que teve em Adelino Moreira seu grande profeta, mais ainda assim gravou também outro dos grandes especialista da dor de cotovelo como Lupcínio Rodrigues, Herivelto Martins, Raul Sampaio, Jair Amorim, Evaldo Goveia, Othon Russo entre outros.

Um dos seus últimos trabalhos foi gravado em Recife, lançado pela Polydisc na série 20 Supersucessos, aonde foram resgatados os grandes sucessos da cantora desde os mais conhecidos como: Que será, Ave Maria no Morro, Segredo e tudo Acabado, como também músicas que já estavam meio esquecidas a exemplo de "A Bahia te espera". E por falar em Recife, a cidade sempre esteve de portas abertas pra Núbia. No festival da seresta que acontece há alguns anos no Marco Zero da capital pernambucana, sua presença era sempre confirmada. Sentindo a brisa do mar, você assistia apresentações deste ícone da música ultra-romântica, da "dor-de-cotovelo " sem maldade, em sua expressão mais pura e mais sofisticada. Confirmando a cada clássico do seu repertório e que o verdadeiro romantismo jamais será brega.

Pra conhecer ou relembrar...
Disco: Núbia Lafayette 20 Super Sucessos
Ouça na vitrola



segunda-feira, 18 de junho de 2007

Os gatos pararam de miar!

Olá meu povo incrementado! Hoje meu coração está batendo com uma batida diferente. É que um dos gatos que viviam no telhado de zinco do meu barraco, o "Val", adoeceu e parou de miar bonito como de costume. Ele já andava um pouco doente, mas nas últimas semanas ficou pior e partiu. Como se não bastasse, fiquei sabendo que além de perder meu felino, não só eu mas com a música brasileira e por que não dizer do resto dos mundos, perdeu no mesmo domingo 17 de junho de 2007, um dos seus maiores músicos e compositores, o Durval Ferreira. Vocês sabem quem foi ele? Bem, sabendo vocês ou não eu vou contar um pouco de mais essa história! Durval, instrumentista (violonista e guitarrista), arranjador, compositor, produtor Musical. Recebeu de sua mãe (bandolinista), as primeiras noções de violão, mas acabou desenvolvendo, em seguida, sua própria maneira de tocar. Mais tarde, aperfeiçoou-se, a partir do contato com vários músicos, como Johnny Alf, Luiz Eça, João Donato, Antonio Carlos Jobim, Herbie Mann e Cannomball Adderley.

Em 1958 fez sua primeira composição ”Sambop” (com Maurício Einhorn), que foi gravada uns dois anos depois pela Claudete Soares no LP “Nova Geração em Ritmo de Samba”. Pelos idos de 59, organizou seu primeiro conjunto e acompanhou a cantora Leny Andrade. Em 1962 integrou o conjunto de Ed Lincoln e, como guitarrista, tocou no Sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, durante o Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall (aquele mesmo!). Três anos depois foi violonista do conjunto Tamba Trio em gravações, participando ainda do conjunto Os Gatos, com o qual gravou o LP “Aquele som dos Gatos” (Philips) e, em 1966, ”Os Gatos” (Philips), incluindo sua composição ”E nada mais” (com Lula Freire). Compôs a trilha sonora de ”Estranho Triângulo”, direção de Pedro Camargo, e participou, em 1968, do III Festival Internacional da Canção, com a música ”Rua d'Aurora”, no qual tempos depois foi jurado.

Teve inúmeras composições gravadas por artistas brasileiros e norte-americanos, destacando-se “Chuva” (com Pedro Camargo), “Moça Flôr” (com Lula Freire), “Batida diferente” (com Maurício Einhorn), gravada por Roberto Menescal e seu conjunto, Tamba Trio e nos anos 90 pela Leila Pinheiro, e com várias outras gravações no Brasil e no exterior; ”Tristeza de nós dois” (com Maurício Einhorn e Bebeto), gravada em 1962 pelo conjunto de Sérgio Mendes e também com inúmeras gravações; ”Estamos aí” (com Maurício Einhorn e Regina Werneck), 1963, gravada por Leny Andrade, na Odeon; ”Nuvem”, com o mesmo parceiro, gravada pelo conjunto Os Gatos, de Eumir Deodato, na Philips. Sua composição com Maurício Einhorn e Hélio Mateus, ”Avião”, foi uma das últimas gravações do cantor Agostinho dos Santos, antes de sua morte em acidente aéreo. Produziu as vinhetas da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, sozinho e em parceria com Orlandivo. Durante toda sua carreira, foi diretor artístico de grandes gravadoras e nelas descobriu e produziu artistas consagrados da música brasileira - Sandra de Sá, Emílio Santiago, Joanna entre outros. Foi o responsável também pela produção do projeto “BOSSA NOVA - História, Som e Imagem” (SPALA/CARAS). Com Aloysio de Oliveira produziu os álbuns: “O SOM BRASILEIRO DE SARAH VAUGHAN” e “MIÚCHA E TOM JOBIM”. Vinha realizando shows solo e com seu grupo “ESTAMOS AÍ”. Mesmo com tantos feitos e com essa importância pra música do país e na música mundial, quantas vezes vocês já ouviram ou tiveram a oportunidade de conhecer esse artista? Quantos brasileiros sequer imaginam que a Bossa Nova não foi o samba de uma nota só de um homem só? Fica registrado mesmo que tardiamente o inestimável legado musical e cultural do Durval Ferreira. O homem dos acordes e batidas diferentes. E agora? Sem gato no telhado, só restam as lembranças dos Gatos na vitrola!



sexta-feira, 15 de junho de 2007

O Ingênuo do Samba

Quem diria que aquele escurinho, filho do Eduardo Marceneiro (o que tocava clarinete e caixa na banda da Guarda Nacional) e da Dona Celestina, iria se tornar um artista tão inspirado? Ninguém! Acho que compor sambas e tocar cavaquinho não seria improvável, sendo filho de um pai músico. Mas isso é normal (ou era), pois no morro, qualquer criança toca um pandeiro, um surdo e um cavaquinho, acompanha o canto de um passarinho sem errar o compasso. Afinal, o que é esperado para quem nasce no alto? Crescer e se destacar pelos estudos? (se infelizmente hoje há dificuldades para isso acontecer, imaginem só naquela época?) Bem, pelo que lembro, ele foi expulso do Colégio Benjamim Constant, do Colégio de padres de Sant’Ana e do Externato Sousa Aguiar. Com isso chegou a concluir apenas o quarto ano primário. Houve outra tentativa que poderia torná-lo mais um "escurinho direitinho", o trabalho (Heitor seguiu o ofício do pai tornando-se marceneiro, carpinteiro e um ótimo polidor de madeira. Certa fase da vida chegou também a ser tipógrafo e sapateiro.). Embora trabalhasse desde os 7 anos, aos 13 foi preso por vadiagem, passando dois meses na Colônia Correcional da Ilha Grande (osso duro de roer). Digo a vocês, em sua vida aprendeu mais com sua avó, com o pai e com a malandragem das ruas do que com professores. Relembrando esses fatos, percebo que hoje eu poderia contar uma história de vida totalmente diferente se não houvesse a arte correndo dentro daquelas veias. Já até perdi as contas dos carnavais em que desci o morro cantando: “Um pierrô apaixonado,/que vivia só cantando,/ por causa de uma colombina,/acabou chorando, acabou chorando”. Parceiro de Noel Rosa em "Pierrô Apaixonado" e Sinhô (com quem teve uns atritos autorais), integrou-se perfeitamente a boêmia da Lapa no início do século XX. Participou ativamente na formação de escolas de samba, tais como, Deixa Falar, De Mim Ninguém se Lembra, Portela e Mangueira, todas em 1928. Em meados de 1931 ingressou no rádio apresentando-se com um coro feminino, conjunto intitulado Heitor e Sua Gente. Com isso, teve muitos dos seus sambas gravados pelas maiores vozes do rádio como Francisco Alves e Mário Reis. Casou-se no mesmo ano com Iliete, teve filhos. Viúvo, casou-se em 1940 com Nativa. Também teve filhos, mas o que não se imaginaria é que ele tinha mais uma carta escondida na manga. Sem abandonar, porém, o samba, começou a pintar, como autodidata, em 1937 (após a morte de Iliete), e tinha como o simples objetivo “enfeitar as paredes”. Enfenitando paredes, ele ganhou destaque ao participar da primeira Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, sendo premiado por um júri que incluía o célebre crítico Herbert Read, um dos nomes mais respeitados da historiografia da arte mundial. Participou ainda das Bienais paulistas de 1953 e 1961, além de realizar mostras coletivas em quase todas as capitais sul-americanas, Paris, Moscou, outras cidades européias e até no Senegal. Suas temáticas eram justamente cenas do morro, sambistas, pastoras e outras cenas tipicamente cariocas (brasileiras), exatamente tudo o que nós viviamos e sentiamos. A principal característica pictórica (falei bonito!) de Heitor dos Prazeres era a capacidade de revelar minúcias e detalhes do universo da samba, realidade que ele retratava com extrema facilidade por conhecer muito bem. Três particularidades logo se destacam nos mais variados trabalhos do Heitor: a importância que dá à figura humana, os rostos colocados de perfil, como ocorre na arte egípcia, e a forte sugestão de movimento. Quanto a esse terceiro fator, vale salientar que homens e mulheres são geralmente retratados quase na ponta dos pés, como se estivessem sambando ou caminhando rapidamente. Esse fator gera imagens de grande dinamismo, em que aparecem geralmente instrumentos musicais ou pessoas com corpos contorcidos em movimentos muitas vezes sensuais. Arte de Heitor dos Prazeres, como diriam os franceses, é a típica arte "ingênua" dos pintores primitivistas. Uma arte em que atmosfera é de júblilo, não trata de preconceitos sociais ou raciais, também evitando trazer à tona fatos da realidade que indicassem qualquer sinal de tristeza. Com suas pinturas, Heitor dos Prazeres ingênuamente conferiu um novo status ao povo preto do morro, que só assim pôde ser apresentado de uma forma repleta de beleza. E como era bom ver a elite, encantada com a arte daquele escuro que não era lá muito direitinho. Com o passar do tempo essa arte se valorizou. Hoje aqueles quadros são ícones da Arte Naïf no Brasil. Pinturas que revelam uma sucessão de movimentos harmônicos como numa música. Quadros pintados como se fossem uma das composições dele, que é um grande músico e tem seu nome gravado no cancioneiro popular, que também tem um papel muito importante na consolidação da ingênua arte primitivista nacional, antecipando os tempos da negritude.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A rádio coração partido orgulhosamente apresenta:


Dalva de Oliveira e Herivelto Martins

Uma história de amor?
Talvez, uma novela da vida real escrita pelo Nelson Rodrigues.
Música, amor, poesia, samba, cíume, bebida, jogatina, agressões, fama, dinheiro...
O início da imprensa marrom no país...

Sem imaginar, se tornaram ícones da "cultura do coração partido".


Caminhemos
Herivelto Martins


Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois
Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém, à procura de nada
Vou indo, caminhando sem saber onde chegar
Talvez que na volta, te encontre no mesmo lugar.



Que Será?
Dalva de Oliveira

Que será
Da minha vida sem o teu amor
Da minha boca sem os beijos teus
Da minha alma sem o teu calor
Que será da luz difusa do abajour lilás
Se nunca mais vier a iluminar outras noites iguais
Procurar uma nova ilusão não sei
Outro lar não quero ter além daquele que sonhei
Meu amor ninguém seria mais feliz que eu
Se tu voltasses a gostar de mim
Se teu carinho se juntasse ao meu
Eu errei
Mas se me ouvires me darás razão
Foi o ciúme que se debruçou
Sobre o meu coração

Pra relembrar ou conhecer:
Loronix: Dalva de Oliveira - A Voz Sentimental do Brasil (1953)
Loronix: Trio de Ouro - O Famoso Trio de Ouro (1969) - Dalva de Oliveira, Herivelto Martins & Nilo Chagas

terça-feira, 12 de junho de 2007

Eternamente



Nós Dois
Composição: Cartola

Está chegando o momento

De irmos pro altar

Nós dois

Mas antes da cerimônia

Devemos pensar em depois

Terminam nossas aventuras

Chega de tanta procura

Nenhum de nós deve ter

Mais alguma ilusão

Devemos trocar idéias

E mudarmos de idéias

Nós dois

E se assim procedermos

Seremos felizes depois

Nada mais nos interessa

Sejamos indiferentes

Só nós dois, apenas dois,

Eternamente

Isso é Coisa da Antiga? (Uma visão feminina)

Você acha que lavar roupa na tina, passar calor por causa da fumaça do ferro de engomar, ficar por horas fazendo pose para foto de família registrada por um retratista, ou ter aquele gigantesco almoço entre os parentes são coisas da antiga? E quem sabe então, preparar aquele almoço dominical que reunia todos os parentes em volta da mesa e depois jogar conversa fora com os vizinhos no portão enquanto as crianças brincam livremente na rua, mais tarde ir para o baile e voltar pra casa calmamente as três da manhã sem medo de ser assaltado na esquina de casa. Você acha que isso também é coisa da antiga?
Bem, realmente há costumes do passado que nos deixam lembranças doces e outros nem tanto. Citei aqui alguns hábitos corriqueiros de no mínimo 25 anos atrás, mas existe um entre todos eles que pelo que vejo, não tinha nada de negativo e praticamente caiu em desuso, o namoro. O flerte e o namoro, o amor propriamente dito era vivido de forma de maneira verdadeira e ingênua. Havia a crença na figura do “príncipe encantado”, o “bom partido” (conceito que variava muito de acordo com a classe social), mesmo sabendo que após o décimo ano de convívio o mesmo poderia se transformar em sapo.
Todo esse clima de romantismo e esperança das pessoas obviamente era uma fonte inesgotável de inspiração para a arte. As rádio-novelas, revistas femininas, os filmes, e claro as composições que embalaram os sonhos das jovens moçoilas e as serestas dos rapazolas quer fossem no morro ou no asfalto. Mas vamos nos deter a música. E falando nela é impossível esquecer-se da forma que para hoje pode parecer um tanto exagerada utilizada nas interpretações. Letras densas que mostravam o amor como algo sofrido, difícil, mas necessário de ter e encontrar. Sambas-canções e boleros cantados por verdadeiras rainhas da voz como a diva Dalva de Oliveira e Nubya Lafayete, que cantam sem pudores os sonhos e dores e dramas femininos das mulheres naquele período, mas que até hoje podem ser bem atuais. Do morro saíram milhares de composições falando do amor, trágico ou feliz. Geraldo Pereira, Cartola, Nelson Cavaquinho, Mijinha, são alguns dos responsáveis pelos mais belos sambas de amor. Uns com mais humor, outros profundamente românticos, outros dramáticos, mas todos revelando o âmago dos sentimentos mais simples e verdadeiros como o tão hoje tão desprezado amor.
Essa coisa da antiga, essa forma sem vergonha de falar e cantar coisas bonitas a quem se ama, e não a quem se quer representa a mais singela face do povo e da música brasileira, que perdeu muito da sua sensibilidade e poesia ao longo dos anos com coisas do tipo: “Ai, blau- blau! Blau-blau, blau-blau ela não me quer.” Ou algo semelhante a: “Você não vale nada, mas eu gosto de você...”. Será que não é melhor cantar: “Não. Eu não posso lembrar que te amei...”, ou “Que será da minha vida sem o teu amor...”. Talvez, clamar e perguntar: “Um amor, onde encontrarei Senhor? Livrai-me desta nostalgia. Confiante, ainda espero um dia...” ou “Sabes que vou partir com os olhos rasos d água e o coração ferido. Quando lembrar de ti, me lembrarei também desse amor proibido...”. No asfalto, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, no morro Dona Zica e Cartola. Dois casais que fizeram história na música popular brasileira, duas histórias de amor completamente distintas. Mas desses casais igualmente, brotaram as mais belas canções que fizeram e até hoje nos fazem suspirar querendo viver essa coisa da antiga que é o amor.








segunda-feira, 11 de junho de 2007

Mil Novecentos e Bolinha...

A busca pelo empoeirado é cult. A cada dia a "moçadinha" absorve mais e mais a cultura retrô. E não é difícil encontar quem garimpe as preciosidades de tempos idos, nunca esquecidos. Como exemplo tomamos os tão abandonados discos de vinil que depois da aparição do cd deixou de ser produzido e só recuperaram seu devido espaço graças ao trabalho dos DJ´s que remasterizaram, trazendo as pistas, muitas músicas que estavam num verdadeiro limbo musical e alguns artistas e bandas que fizeram o favor em lançar seus àlbuns também em Lp mesmo com toda essa febre digital. Um outro elemento que vale a pena ressaltar é a contribuição da arquitetura (decoração de ambientes) nas apostas em tendências de decoração que mesclam móveis antigos aos contemporâneos. Os estilistas que lotam araras com novas-velhas roupas coloridas inspiradas naquelas de 30 , 40 anos atrás, que estavam confinadas à decomposicão nas gavetas dos armários e da nossa memória. Graças a criatividade dos "modistas" brasileiros, em boa parte das metrópoles é muito fácil ver "brotos" usando vestidinhos, sapatos, bolsas, cortes de cabelo completamente inspirados nas modelagens usadas nos anos 60 e 70. E como não lembrar do cinema? Procurem lembrar quantos filmes nos últimos 10 anos remetem às décadas de 60 e 70? "O que é isso companheiro?" e "Cidade de Deus", são alguns deles. Mas é claro, não podemos esquecer os fantásticos filmes da Vera Cruz e da Atlântida; e os filmes do Cinema Novo, que hoje podem ser vistos em salas de projeção em fundações e em tv´s educativas. E quantos jovens de até 28 anos você tem visto dirigindo "carangos" por aí? Os queridos Fuscas, Chevetes, Opalas... Até mesmo as Vespas! Eu já vi muitos. Além disso, boa parte das bandas que tem surgido reforçam toda essa estética. O exemplo está no que acontece na nova cena de bandas do Recife e Olinda, ou mesmo a renovação do Choro e do Samba no Rio de Janeiro (a boêmia noite da Lapa). Nossa!! Eu ia esquecer de outro elemento que hoje é indispensável. A internet (a tão badalada internet). Ela, que viabiliza boa parte desse contato, apresentando muitos elementos desse mundo e colocando-os na palma das nossas mãos.Toda essa vontade em conhecer e viver nesse mundo retrô, para mim tem uma explicação muito simples, que está fundamentada em algumas questões que faço questão de expor aqui. A primeira delas é que está cada vez mais difícil ser ou parecer singular numa sociedade em que todo mundo é um pouco parecido com todo mundo. Por isso, investir num estilo diferenciado dos demais. Usar hoje uma roupa com mais de duas décadas ou inspirada nelas, compar um disco raro, ter uma pintura do Heitor dos Prazeres e uma mesa em madeira maciça na sua sala é um privilégio que nem todos tem (o que é uma pena). Pois é, essa é a meu ver uma forma de reencontrar aquilo que fez parte de um período cheio de inicência e uma pureza difícilmente vistos atualmente. Se você acredita que todo esse universo não pode ser descartado, que não é brega, cafona ou demodê, sinta-se em casa!
Pois este blogger é pra qualquer pessoa que goste de conhecer e pensar e discutir prefererêncialmente sobre a cultura brasileira compreendida entre os anos 50 e 70. Uma época realmente "Muito Incrementada", com erros e acertos como em qualquer momento da história.
Música, moda, literatura, cinema, futebol (por que não?) e comportamento serão os assunto em voga nesse espaço. Agora basta sentar-se em frente a sua "Olivetti" e screver sua carta pra mim!