segunda-feira, 18 de junho de 2007

Os gatos pararam de miar!

Olá meu povo incrementado! Hoje meu coração está batendo com uma batida diferente. É que um dos gatos que viviam no telhado de zinco do meu barraco, o "Val", adoeceu e parou de miar bonito como de costume. Ele já andava um pouco doente, mas nas últimas semanas ficou pior e partiu. Como se não bastasse, fiquei sabendo que além de perder meu felino, não só eu mas com a música brasileira e por que não dizer do resto dos mundos, perdeu no mesmo domingo 17 de junho de 2007, um dos seus maiores músicos e compositores, o Durval Ferreira. Vocês sabem quem foi ele? Bem, sabendo vocês ou não eu vou contar um pouco de mais essa história! Durval, instrumentista (violonista e guitarrista), arranjador, compositor, produtor Musical. Recebeu de sua mãe (bandolinista), as primeiras noções de violão, mas acabou desenvolvendo, em seguida, sua própria maneira de tocar. Mais tarde, aperfeiçoou-se, a partir do contato com vários músicos, como Johnny Alf, Luiz Eça, João Donato, Antonio Carlos Jobim, Herbie Mann e Cannomball Adderley.

Em 1958 fez sua primeira composição ”Sambop” (com Maurício Einhorn), que foi gravada uns dois anos depois pela Claudete Soares no LP “Nova Geração em Ritmo de Samba”. Pelos idos de 59, organizou seu primeiro conjunto e acompanhou a cantora Leny Andrade. Em 1962 integrou o conjunto de Ed Lincoln e, como guitarrista, tocou no Sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, durante o Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall (aquele mesmo!). Três anos depois foi violonista do conjunto Tamba Trio em gravações, participando ainda do conjunto Os Gatos, com o qual gravou o LP “Aquele som dos Gatos” (Philips) e, em 1966, ”Os Gatos” (Philips), incluindo sua composição ”E nada mais” (com Lula Freire). Compôs a trilha sonora de ”Estranho Triângulo”, direção de Pedro Camargo, e participou, em 1968, do III Festival Internacional da Canção, com a música ”Rua d'Aurora”, no qual tempos depois foi jurado.

Teve inúmeras composições gravadas por artistas brasileiros e norte-americanos, destacando-se “Chuva” (com Pedro Camargo), “Moça Flôr” (com Lula Freire), “Batida diferente” (com Maurício Einhorn), gravada por Roberto Menescal e seu conjunto, Tamba Trio e nos anos 90 pela Leila Pinheiro, e com várias outras gravações no Brasil e no exterior; ”Tristeza de nós dois” (com Maurício Einhorn e Bebeto), gravada em 1962 pelo conjunto de Sérgio Mendes e também com inúmeras gravações; ”Estamos aí” (com Maurício Einhorn e Regina Werneck), 1963, gravada por Leny Andrade, na Odeon; ”Nuvem”, com o mesmo parceiro, gravada pelo conjunto Os Gatos, de Eumir Deodato, na Philips. Sua composição com Maurício Einhorn e Hélio Mateus, ”Avião”, foi uma das últimas gravações do cantor Agostinho dos Santos, antes de sua morte em acidente aéreo. Produziu as vinhetas da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, sozinho e em parceria com Orlandivo. Durante toda sua carreira, foi diretor artístico de grandes gravadoras e nelas descobriu e produziu artistas consagrados da música brasileira - Sandra de Sá, Emílio Santiago, Joanna entre outros. Foi o responsável também pela produção do projeto “BOSSA NOVA - História, Som e Imagem” (SPALA/CARAS). Com Aloysio de Oliveira produziu os álbuns: “O SOM BRASILEIRO DE SARAH VAUGHAN” e “MIÚCHA E TOM JOBIM”. Vinha realizando shows solo e com seu grupo “ESTAMOS AÍ”. Mesmo com tantos feitos e com essa importância pra música do país e na música mundial, quantas vezes vocês já ouviram ou tiveram a oportunidade de conhecer esse artista? Quantos brasileiros sequer imaginam que a Bossa Nova não foi o samba de uma nota só de um homem só? Fica registrado mesmo que tardiamente o inestimável legado musical e cultural do Durval Ferreira. O homem dos acordes e batidas diferentes. E agora? Sem gato no telhado, só restam as lembranças dos Gatos na vitrola!



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